25 de março de 2019



HEMOSTASIA E TROMBOSE

Hemostasia é um processo fisiológico que mantém, por meio de mecanismos regulatórios, o sangue em seu estado fluido no interior dos vasos sanguíneos, evitando a formação de coágulos, além de promover o suprimento sanguíneo em todas as partes do organismo, impedindo a ocorrência de hemorragias e outras complicações. No entanto, quando há uma alteração dos componentes de coagulação do organismo, forma-se um grande coágulo no interior dos vasos denominado “trombo”, constituído por hemácias, proteínas sanguíneas e plaquetas.
A trombose é uma doença causada pelo desenvolvimento destes trombos no interior dos vasos e envolve diversos fatores fisiológicos na corrente sanguínea podendo desenvolver-se em veias ou artérias, e causar uma obstrução parcial e/ou total do local afetado. O tipo mais comum da doença é trombose venosa profunda, caracterizada pela formação de coágulos em veias profundas, mais comumente acometendo membros inferiores. Quando o coágulo formado se desprende das paredes dos vasos, ele se desloca e pode provocar obstrução do fluxo de sangue, causando embolia pulmonar (bloqueio da artéria pulmonar), infarto ou AVC.

QUAL A RELAÇÃO ENTRE TROMBOSE E O USO DE ANTICONCEPCIONAIS ORAIS?

Anticoncepcionais orais (AO) consistem na associação entre hormônios sintéticos provenientes do estrogênio e um progestagênio, similares aos produzidos pelos ovários, podendo ser também encontrados isoladamente. O uso de AO altera a hemostasia sanguínea elevando o risco de trombose, uma vez que o progestagênio, e principalmente o estrogênio induzem alterações significativas no sistema de coagulação, culminando com o aumento da geração de trombina, que é uma enzima presente no plasma, essencial para o processo de coagulação sanguínea, além de aumentar a atividade dos fatores de coagulação e reduzir os anticoagulantes naturais do organismo. Com isso, o sistema circulatório fica desequilibrado e mais propício a criar coágulos e, consequentemente, eventos relacionados à trombose.
O principal causador dessas alterações são os estrógenos presentes nesses medicamentos, por apresentar uma relação dose dependente para o desenvolvimento de trombose. Entretanto, o tipo de progestagênio combinado com a mesma concentração de estrógeno pode provocar hipercoagulabilidade, o que demonstra que os desequilíbrios na hemostasia não possuem relação apenas com as concentrações de estrógenos, mas também ao tipo de progestagênio presente no medicamento. Por este motivo foram desenvolvidos novos progestagênios com a intenção de minimizar as complicações relacionadas ao uso do mesmo. Além disso, nem todas as fórmulas são perigosas, sendo que as pílulas combinadas com estrogênio são as que estão mais relacionadas ao aumento de acometimentos vasculares, além de haver outros fatores que podem aumentar ainda mais essa incidência.
É possível afirmar que o uso de anticoncepcionais orais aumentam o risco de ocorrência de trombose, ainda mais se a usuária possuir predisposição genética, trombofilia ou associar o uso desses medicamentos a fatores de risco como o tabagismo, alcoolismo, obesidade, doenças cardiovasculares, entre outros. Portanto, é de fundamental importância a conscientização quanto ao uso racional e correto desses medicamentos, levando-se sempre em consideração o risco benefício do mesmo. Por isso, converse sempre com o seu médico ginecologista a fim de esclarecer todas as dúvidas.

Texto escrito pela ligante Grazielle Araújo


11 de março de 2019



A Organização Mundial de Saúde (OMS) define anemia como a condição na qual os níveis de hemoglobina se encontram abaixo do valor de referência de acordo com o sexo, faixa etária, estado fisiológico e altitude. Anemia é um termo de significado muito amplo e serve para designar um quadro que tem inúmeras causas, algumas hereditárias e outras adquiridas. Portanto, é indispensável saber por que está instalada e quais são suas características.
As anemias podem ser classificadas como agudas ou crônicas, adquiridas ou hereditárias. São agudas, quando há perda expressiva e acelerada de sangue, o que pode ocorrer em acidentes, cirurgias e sangramentos gastrintestinais. As crônicas são provocadas por doenças de base, algumas hereditárias como a anemia falciforme e outras adquiridas, como as que ocorrem por deficiência nutricional, seja ela deficiência de ferro, ou por carência da vitamina B12 ou de ácido fólico.
Segundo a OMS a anemia por carência de ferro é a deficiência nutricional mais prevalente no mundo, sendo uma endemia, especialmente nos países emergentes. Como se sabe, a hemoglobina é uma proteína presente nas hemácias, capaz de se ligar a moléculas de oxigênio (O2) e assim transportá-las pelo corpo desempenhando a função vital de carregar o oxigênio que nutre todas as células do corpo. Após cumprir seu tempo de vida útil, as hemácias morrem e a hemoglobina é quebrada. O ferro presente nessa molécula é recuperado, sendo transportado para a medula óssea e usado novamente na produção de hemoglobina. Logo, com a ocorrência de uma diminuição na concentração de hemoglobina, a quantidade de ferro presente também será comprometida.
Outras anemias que estão diretamente envolvidas com a alimentação são as chamadas:  anemias megaloblásticas e perniciosa (deficiência de Vitamina B9 ou B12). A principal causa da anemia megaloblástica é a redução da síntese de DNA na produção do glóbulos vermelhos. Essa redução normalmente é causada pela deficiência da vitamina B12, que é responsável, em parte, pela formação da hemoglobina e do ácido fólico (vitamina B9) e tem a função de ajudar na síntese do DNA. Entretanto, a anemia megaloblástica também pode ser causada por defeito os genéticos da síntese de DNA, toxinas e uso de drogas, como certos tipos de medicamentos quimioterápicos ou antibióticos. A deficiência de B12 também pode ser consequência da baixa ingestão dessa vitamina ou dificuldade de sua absorção. Já a anemia perniciosa, é uma forma de anemia caracterizada pela redução no número de glóbulos vermelhos no sangue causada pela ausência do fator intrínseco (uma proteína especial) necessário na absorção de vitamina B12 pelo trato gastrointestinal. Sem a vitamina, os glóbulos vermelhos são produzidos incorretamente, morrendo precocemente, configurando o quadro anêmico. Fatores autoimunes, uso excessivo de antiácidos, cirurgias bariátricas ou alterações gástricas podem ser responsáveis pela manifestação do tipo pernicioso.
No entanto, a anemia nem sempre é um sinal de má alimentação. Existem outros fatores que podem levar à doença. Um exemplo são as anemias hemolíticas, que ocorrem devido a destruição prematura dos glóbulos vermelhos do sangue sem ser possível uma reposição em quantidade adequada pela medula óssea. Anemia falciforme, um tipo de anemia hemolítica, é uma anormalidade da hemoglobina, herdada geneticamente, caracterizada por glóbulos vermelhos em forma de foice (meia-lua) e anemia crônica causada por destruição excessiva de glóbulos vermelhos anormais.
As anemias também podem ser provocadas pela presença de doenças autoimunes, câncer, doenças infecciosas, insuficiência renal crônica e outras patologias como o HIV/AIDS e artrite reumatoide, visto que, nessas condições, os pacientes possuem um risco maior de apresentarem uma baixa produção de glóbulos vermelhos.

Dessa forma, fica evidente o quão precipitado é classificar anemia apenas como uma deficiência de ferro, considerando as inúmeras causas possíveis para seu surgimento. Assim, descobrir a causa é a chave para tratar a anemia e corrigi-la. Sendo de fundamental importância ser específico sobre qualquer alteração nos medicamentos, sintomas ou na saúde em geral que possa ajudar a determinar o que está causando a anemia. 

25 de fevereiro de 2019

LEUCEMIA




O que é leucemia?


 A leucemia é um câncer que acomete as células sanguíneas que  conhecemos como glóbulos brancos ou leucócitos, que são células importantíssimas para o sistema imunológico. Eles protegem seu corpo da invasão de microrganismos, bem como de células anormais e outras substâncias estranhas. Nesta doença, os precursores dos leucócitos perdem sua função normal e se dividem de forma desenfreada, causando eventualmente a expulsão das células normais e dificultando a produção de outros componentes e células, como hemácias e plaquetas.
 A produção dessas células ocorre quase que totalmente na medula óssea, no entanto, também podem ser produzidos nos gânglios linfáticos, no baço e no timo.

Causas


 As causas da leucemia não são conhecidas, porém, há vários fatores de risco. Esses incluem:
- Histórico familiar de casos
- Tabagismo
- Tratamento prévio para câncer com quimioterapia ou radioterapia
- Exposição a altos níveis de radiação
- Exposição a produtos químicos como o benzeno
- Doenças genéticas, como síndrome de Down
- Doenças do sangue, como a síndrome mielodisplásica, que às vezes é chamada de “pré-leucemia”

 O início da leucemia pode ser lento ou súbito, sendo denominada de crônica ou aguda, respectivamente. Na leucemia aguda, as células cancerosas se multiplicam rapidamente, podendo apresentar vários sintomas. Já na forma crônica a leucemia se desenvolve de forma lenta,  podendo ser até mesmo assintomática por um tempo considerável.
 A leucemia também é classificada de acordo com o tipo de células afetadas. A leucemia envolvendo células mielóides (células sanguíneas imaturas que normalmente se transformam em granulócitos ou monócitos) é chamada de leucemia mielogênica. Já a leucemia que envolve linfócitos é denominada de leucemia linfocítica.

Sintomas


 Os sintomas mais comuns são:
- Sudorese excessiva (principalmente a noite)
- Inchaço nos linfonodos (especialmente no pescoço e nas axilas)
- Perda de peso
- Cansaço e fraqueza recorrentes
- Dores nos ossos
- Aumento do fígado e/ou baço
- Petéquias (manchas vermelhas na pele)
- Sangramentos (devido a baixa na produção de plaquetas) 
- Febre ou calafrios
- Infecções frequentes


Diagnóstico


 O diagnóstico é iniciado na análise dos sintomas e fatores de risco pelo médico. De acordo com os resultados dessa primeira avaliação, caso os sintomas e fatores de risco indiquem a um quadro de leucemia, exames mais sensíveis devem ser solicitados e realizados imediatamente,  sendo de grande valia a história completa e efetuação de um exame físico. No entanto, isso ainda não é o suficiente para confirmar um caso de leucemia, sendo necessário exames mais específicos, como exame de sangue e testes com amostra de medula óssea do paciente.


Tratamento


 O tratamento varia em cada caso, pois há fatores importantes que influem no prognóstico, como por exemplo o tipo de células afetadas, o estágio de progressão da doença, a idade do paciente, o número de células afetadas e o tipo de leucemia.
 A quimioterapia e a radioterapia são os tratamentos mais utilizados atualmente, visto que um dos objetivos é eliminar as células defeituosas. No entanto, muitas vezes essas terapias podem ser mais prejudiciais do que beneficiadoras ao paciente, não sendo indicadas para pacientes idosos por exemplo,  tornando-se assim importante avaliar o custo benefício e também a possibilidade um outro tipo de tratamento.
 Uma outra forma de terapia que vem ganhando espaço no cenário do tratamento da leucemia é a imunoterapia, que consiste no estimulo do sistema imunológico do paciente através de fármacos ou anticorpos monoclonais, visando combater as células cancerosas ou diminuir o crescimento delas.
 Outra possibilidade é o transplante de medula óssea, que pode levar a cura total. No entanto, o risco é alto e as chances de encontrar um doador compatível é muito baixa, sendo portanto pouco utilizado em relação as outras formas de tratamento, devido a essas e outras circunstâncias.