HEMOSTASIA E TROMBOSE
Hemostasia é um processo fisiológico que
mantém, por meio de mecanismos regulatórios, o sangue em seu estado
fluido no interior dos vasos sanguíneos, evitando a formação de coágulos, além
de promover o suprimento sanguíneo em todas as partes do organismo, impedindo a
ocorrência de hemorragias e outras complicações. No entanto, quando há uma alteração dos componentes de coagulação
do organismo, forma-se um grande coágulo no interior dos vasos denominado
“trombo”, constituído por hemácias, proteínas sanguíneas e plaquetas.
A
trombose é uma doença causada pelo desenvolvimento destes trombos no interior
dos vasos e envolve diversos fatores fisiológicos na corrente sanguínea podendo
desenvolver-se em veias ou artérias, e causar uma obstrução parcial e/ou total
do local afetado. O tipo mais comum da doença é trombose venosa profunda, caracterizada pela formação de coágulos
em veias profundas, mais comumente acometendo membros inferiores. Quando
o coágulo formado se desprende das paredes dos vasos, ele se desloca e pode
provocar obstrução do fluxo de sangue, causando embolia pulmonar (bloqueio da
artéria pulmonar), infarto ou AVC.
QUAL A RELAÇÃO ENTRE TROMBOSE E O USO DE ANTICONCEPCIONAIS ORAIS?
Anticoncepcionais
orais (AO) consistem na associação entre hormônios sintéticos provenientes do estrogênio
e um progestagênio, similares aos produzidos pelos ovários, podendo ser também
encontrados isoladamente. O uso de AO altera a hemostasia sanguínea elevando o
risco de trombose, uma vez que o progestagênio, e principalmente o estrogênio induzem
alterações significativas no sistema de coagulação, culminando com o aumento da
geração de trombina, que é uma enzima presente
no plasma, essencial para o processo de coagulação sanguínea, além de aumentar
a atividade dos fatores de coagulação e reduzir os anticoagulantes
naturais do organismo. Com isso, o sistema
circulatório fica desequilibrado e mais propício a criar coágulos e,
consequentemente, eventos relacionados à trombose.
O principal causador dessas alterações são os
estrógenos presentes nesses medicamentos, por apresentar uma relação dose dependente
para o desenvolvimento de trombose. Entretanto, o tipo de progestagênio
combinado com a mesma concentração de estrógeno pode provocar
hipercoagulabilidade, o que demonstra que os desequilíbrios na hemostasia não
possuem relação apenas com as concentrações de estrógenos, mas também ao tipo
de progestagênio presente no medicamento. Por este motivo foram desenvolvidos
novos progestagênios com a intenção de minimizar as complicações relacionadas
ao uso do mesmo. Além disso, nem todas as
fórmulas são perigosas, sendo que as pílulas combinadas com estrogênio são as
que estão mais relacionadas ao aumento de acometimentos vasculares, além de
haver outros fatores que podem aumentar ainda mais essa incidência.
É
possível afirmar que o uso de anticoncepcionais orais aumentam o risco de
ocorrência de trombose, ainda
mais se a usuária possuir predisposição genética, trombofilia ou associar o uso
desses medicamentos a fatores de risco como o tabagismo, alcoolismo, obesidade,
doenças cardiovasculares, entre outros. Portanto, é de fundamental importância
a conscientização quanto ao uso racional e correto desses medicamentos, levando-se
sempre em consideração o risco benefício do mesmo. Por isso, converse sempre
com o seu médico ginecologista a fim de esclarecer todas as dúvidas.
Texto escrito pela ligante Grazielle Araújo


